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Colchicum lusitanum

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Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: monocotiledóneas
Ordem: Liliales
Família: Liliaceae
Género: Colchicum
Espécie: C. lusitanum
Nome binomial
Colchicum lusitanum
Brot.

Colchicum lusitanum é uma espécie de planta com flor geófita[1][2], pertencente à família Liliaceae.

Os seus nomes comuns são açafrão-bastardo, cebola-venenosa, cólquico[3], dama-nua, dedo-de-mercúrio, lírio-verde, mata-cão, morte-de-cães ou narciso-do-outono[4][5][6]

Trata-se de uma planta bolbosa geófita, ou seja, é uma planta herbácea perene que deposita as gemas subterraneamente.[7] Durante a estações menos propícias, não exibe órgãos aéreos à superfície do solo e as gemas encontram-se dentro de órgãos subterrâneos, como os bolbos, que são órgãos de reserva que produzem anualmente novos caules, folhas e flores.[6]

As raízes são fibras fascioladas e brotam lateralmente de um bolbo-túbero, oblongo ou piriforme ou elipsóide, depositado muito profundamente no solo (10 a 15 centímetros).[7] Em rigor, trata-se mais precisamente dum túbero, que tem uma consistência sólida e está envolto em membranas coriáceas de cor castanha- arroxeada.[6] Este túbero, no final do Verão (ou no início do Outono), forma o rebento floral do qual, depois, se formará a flor propriamente dita, relegando a tarefa de brotar as folhas e os frutos, para a Primavera; concomitantemente, formar-se-á um novo túbero a partir do inter nódulo basal.[7]

As dimensões do bolbo são: 3 centímetros de diâmetro e 4 a 7 centímetros de altura.[8]

O caule está praticamente ausente: as folhas e as flores crescem diretamente do túbero radical (o túbero pode ser considerado o hipogeu do caule).[6]

Folhas primaveris

As folhas são radicais (partem da raiz), envolventes e eretas.[8] O encaixe da folha no túbero é espiralado e imbrincado. A forma é oblongo-eliptíca. A coloração é verde intenso em ambas as faces da folha e a consistência é particularmente carnosa.[6]

A folha mais externa tem 2 a 4,5 centímetros de largura e 13 a 29 centímetros de comprimento..[6] A folha do açafrão-bastardo diferencia-se da do açafrão-do-prado por ser mais estreita[9]

Inflorescências

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As inflorescências são compostas por um tubo corolino de 5 a 20 centímetros, desprovido de folhas e de cor branca.[8]. Na base da flor encontra-se uma espata esbranquiçada, quase sem cor, com margens membranosas e estreitas[9]

As flores da cebola-venenosa

As flores são hermafroditas, actinomorfas, e têm verticilos compostos por três elementos (trimeras).[8] Cada bolbo pode produzir entre 1 a 6 flores [9], na ausência de folhas, que hão-de cair na próxima Primavera.[6] A floração ocorre entre Setembro e Novembro.[2]

As pétalas da dama-nua distinguem-se das da noselha (merendera filifolia) por terem um padrão axadrezado, ao passo que as da noselha são de coloração mais uniforme.[1]

A frutificação sobrevém entre Maio e Junho, mas é relativa consoante a altura do florescimento do ano anterior..[6] Consiste numa cápsula septicida, ovato-oblonga de ângulo agudo no coruto, que desponta da terra juntamente com as novas folhas.[8] As sementes são globosas e escuras, com um diâmetro de 2 a 4 milímetros[9] A disseminação destas sementes é proporcionada por certas substâncias peganhentas, presentes na face externa do fruto. Dessarte, as sementes aderem às patas de animais transeuntes, que as disseminam por onde passarem.[6]

Dimensões da cápsula: 15 a 30 milímetros de largura; 25 a 55 milímetros de comprimento.[9]

A autoridade científica da espécie é Brot., tendo sido publicada em Phytographia Lusitaniae Selectior 2: 211. 1827.[10]

A família das Colchicaceae compreende cerca de 250 espécies.[11] O género Colchicum circunscreve-se a pouco mais duma centena de espécies.[12]

A espécie desta planta já teve diversas nomenclaturas. Elencam-se alguns dos sinónimos mais frequentes:

  • Colchicum levieri Janka[9]
  • Colchicum actupii Fridl.
  • Colchicum algeriense Batt.
  • Colchicum autumnale subsp. algeriense Batt.
  • Colchicum autumnale var. algeriense (Batt.) Batt. & Trab.[4]
  • Colchicum autumnale var. castrovillarense N.Terracc.
  • Colchicum autumnale var. fritillatum Samp.
  • Colchicum autumnale var. gibraltaricum Kelaart
  • Colchicum bivonae auct. hisp. non Guss.[4]
  • Colchicum bivonae var. lusitanum (Brot.) Nyman
  • Colchicum byzantinum Ten.
  • Colchicum fharii Fridl.
  • Colchicum levieri Janka
  • Colchicum texedense Pau[13]

O nome do género deriva do grego "Kolchis" = Cólquida antiga região a Sul do Mar Negro, situada sensivelmente naquilo que hoje corresponde à actual Georgia, onde, segundo Dioscórides, crescia este bolbo e habitaria a maga venéfica Medeia, das lendas de Jasão.[14]

O epíteto específico (lusitanum) deriva da termo Lusitânia, que alude a Portugal[9] .

O nome botânico foi atribuído por Félix de Avelar Brotero[15] (Loures, 25 de Novembro de 1744 - Lisboa, 4 Agosto 1828), botânico português.

Distribuição

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Esta planta é natural do Mediterrâneo.[9] Encontra-se dispersa por Portugal, Espanha, Ilhas Baleares, Marrocos, Tunísia e Itália[13]

Trata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental. Mais concretamente, nas zonas do Centro-Oeste calcário; do Centro-Oeste olissiponense; do Sudeste Setentrional e do Barlavento Algarvio.[2]

Em termos de naturalidade é nativa da região atrás referidas.

A planta prefere os terrenos secos, de substracto básico e tendencialmente pedrosos.[1] Medra em ambientes nemorosos, entre balças, matorrais, charnecas e veigas.[4]

Não se encontra protegida por legislação portuguesa ou da Comunidade Europeia.

Propriedades farmacológicas

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  • Substâncias nocivas: tal como todas as outras colquíceas, os narcisos-do-outono são plantas venenosas, porquanto contêm colchicina.[9], um alcalóide altamente tóxco (que, dentre os seus vários efeitos, impede a formação do fuso mitótico nas células, favorecendo, portanto, a poliploidia) presente fundamentalmente nas sementes, embora também se encontre no bolbo[16]. Se ingerido, causa ardor na boca, náuseas, cólicas, diarreia sanguinolenta, delírios e morte[17]. Por vezes, a mera manipulação das flores pode causar danos na pele[18] Esta substância é ainda denominada de "arsénico vegetal"[19];
  • Propriedades curativas: estas plantas eram usadas na medicina popular.[19], aproveitando-se das suas faculdades como analgésicos, antipiréticos (baixar a temperatura corporal)[9] e eméticos[17] A planta chegou a ser usada em práticas alquímicas, porquanto se acreditava que a partir dela se poderia obter o éter alquímico[8];
  • Partes da planta usadas: com os fluídos extraídos das sementes e dos bolbos faziam-se tinturas[8];

Referências

  1. a b c «Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 20 de março de 2021 
  2. a b c «Colchicum lusitanum». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 17 de março de 2020 
  3. Infopédia. «cólquico | Definição ou significado de cólquico no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 17 de fevereiro de 2021 
  4. a b c d «Colchicum lusitanum». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 17 de março de 2020 
  5. «Página de Espécie • Naturdata - Biodiversidade em Portugal». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. Consultado em 20 de março de 2021 
  6. a b c d e f g h i Castroviejo, S. (1986–2012). «Colchicum lusitanum» (PDF). Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid. p. 90. Consultado em 17 de março de 2020 
  7. a b c Pignatti, Sandro (1982). Flora d'Italia, vol. 3. Bologna: Edagricole. 351 páginas. ISBN 8850652429 
  8. a b c d e f g Brickell, C.D. (1980). Flora Europaea, vol. 5. Cambridge, UK: Cambridge University Press. pp. 21–25. ISBN 9780521153706 
  9. a b c d e f g h i j «sito Actaplantarum - nomenclatura e caratteristiche C. lusitanum» 
  10. Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 29 de setembro de 2014 <http://www.tropicos.org/Name/100170660>
  11. «The plant list - A working list of all plant species – Famiglia Colchicaceae» 
  12. «The plant list - A working list of all plant species – Genere Colchicum» 
  13. a b «eMonocot - An online resource for monocot plants». Consultado em 27 Setembro 2016 
  14. «Portale della flora del basso corso del Lamone» 
  15. Cabral, João Paulo (2009). Gonçalo Sampaio. Vida e obra – pensamento e acção. Póvoa de Lanhoso: Câmara Municipal da Póvoa de Lanhos. p. 137 
  16. Strasburger, Eduard (2007). Antonio Delfino Editore, ed. Trattato di Botanica. Vol.2. Roma: [s.n.] p. 806. ISBN 88-7287-344-4 
  17. a b Nicolini, Giacomo (1960). Enciclopedia Botanica Motta. Volume I. Milano: Federico Motta Editore. p. 675 
  18. «Plants For A Future» 
  19. a b "Le piante medicinali", di Roberto Michele Suozzi, Newton&Compton, Roma, 1994, pag.65

Ligações externas

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